Monte-Abraão

terça-feira, 12 de novembro de 2013

12 de novembro

Bem pessoal, como temos Timor em peso no nosso agrupamento, agora... deixo-vos com o que aconteceu, no dia 12 de novembro de 199, que faz hoje 22anos.


«A 12 de Novembro de 1991, Timor-Leste vivia mais um momento trágico da sua história, o massacre no cemitério de Santa Cruz. Paradoxalmente em relação àquele que foi o seu propósito original, o impacto que teve na opinião pública tornou este fatídico acontecimento num dos mais importantes passos na internacionalização da causa timorense, ao revelar-se ao mundo o sofrimento de um povo.

Mas este não foi um efeito isolado, tendo outras mudanças contribuído para este fenómeno. As políticas externas dos principais Estados do sistema internacional sofreram nesta fase várias alterações e começaram a dar maior atenção a questões até então pouco valorizadas, como os direitos humanos. Especulamos assim como o massacre significou uma viragem não apenas pelo acontecimento em si mas também por ter ocorrido naquele período pós-Guerra Fria e por as suas imagens terem passado nas televisões em quase todo o mundo, permitindo a mobilização das opiniões públicas mundiais contra este acto hediondo.

O "efeito CNN" foi assim importante e começou nesta fase também um novo protagonismo nas relações internacionais, tendo mesmo sido considerado então por alguns como o "sexto membro permanente" do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Outro elemento com um papel de destaque foi o trabalho de Portugal nos vários fóruns internacionais, tornando a questão timorense a temática de política externa que mais tempo e maiores esforços lhe exigiram.

A 12 de Novembro de 1991, o Exército indonésio disparou sobre a multidão que se manifestava no cemitério de Santa Cruz. Massacre que fez 201 mortos deu, por fim, reconhecimento internacional à luta pela independência de Timor-Leste, culminada no referendo de 1999.

Olhando para a fatídica data do massacre, é hoje dia de verificarmos como Timor-Leste surge na política internacional por razões bem diferentes de há 22 anos. E se antes se debatia pela independência, agora procura consolidar-se enquanto Estado a nível interno e afirmar-se a nível externo. Desafios talvez não menores mas, felizmente, bem diferentes.

A homenagem, a romaria, contendo muitos milhares de timorenses, sobrelota o cemitério de Santa Cruz, em Díli no dia de hoje. Assiste-se a choros contidos, de familiares e amigos das centenas de timorenses que em 12 de Novembro de 1991 foram assassinados naquele mesmo local pelos militares e polícias da Indonésia, uma amálgama de sentimentos farão hoje parte das saudades e mágoas dos sobreviventes ao genocídio indonésio. Hoje mais que noutros dias, talvez. Resta o sabor da vitória e de olharem e viverem num país que é o seu, é Timor-Leste.

Glória aos que tombaram.»

Canhotas
Lia.